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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Hackers do bem criam projeto para medir radiação no Japão


Equipamentos com sensores e conexão à Internet levam dados sobre radiação à população residente nos arredores de Tóquio e Fukushima.

Após a recente tragédia no Japão, os membros do grupo hacker local Tokyo Hackerspace têm feito vários esforços para tentar melhorar a situação do país de alguma forma. E talvez mais o notável deles seja uma rede distribuída de medidores de radiação ao redor da usina nuclear de Fukushima, que sofreu vazamentos após a sucessão de desastres naturais que atingiu o país.
Esses monitores feitos em casa ajudam a manter as pessoas informadas sobre os níveis de radiação nos arredores da usina atingida. Assim que o projeto começou a funcionar, o grupo hacker trabalhou para expandir a rede de sensores com os sites Safecast e Geiger Maps JP, que agregam e visualizam dados de radiação.
Informação necessária
É fácil imaginar que as pessoas no Japão têm acesso a muito mais informações sobre a radiação em Fukushima do que nós aqui no Brasil, por exemplo. Mas esse não é o caso. Muitas das pessoas que mais precisam saber são as que sabem menos.
“A ideia nasceu basicamente de um sentimento de impotência”, diz Akiba, um hacker do Tokyo Hackerspace que ajudou a liderar o projeto.
Apesar de Akiba, que vive em Tóquio, não ter sido muito atingido pelo terremoto em si, ele começou a ver um pouco de pânico na cidade após o início da crise na usina de Fukushima. “Infelizmente, não havia muitas notícias sobre quais eram as implicações de segurança na época, e muitas pessoas ficaram paranóicas. Foi quando começamos a ver as pessoas fugirem de Tóquio.”
O projeto começou como uma maneira de coletar e distribuir informações sobre níveis de radiação mais rapidamente do que o governo, em um esforço para manter calmos os residentes de Tóquio. Em 13 de março, apenas um dia após as explosões em Fukushima, o grupo Tokyo Hackerspace estava trabalhando para conseguir suas próprias informações sobre radiação. O governo levou quase uma semana para começar a divulgar dados públicos sobre radiação, e até mesmo aí as informações eram esporádicas.
Hackeando os dados
O primeiro desafio era obter os equipamentos de monitoramento. Nos primeiros dias após o terremoto, não havia medidores Geiger (usados para medir radiações) disponíveis para compra na região de Tóquio. O que é pior, segundo Akiba, é que os contadores que estavam fornecendo os dados não estavam ajudando muito. “Havia muitos poucos pontos de dados a partir de medidores Geiger em Tóquio naquela época, e a maioria deles estava em ambientes externos”, diz. Paredes e até mesmo janelas bloqueiam uma grande parte de radiação ambiente, por isso as leituras internas eram muito menores do que as externas.
Então Akiba colocou um pedido por medidores Geiger no Tokyo Hackerspace – e rapidamente recebeu respostas. Como muitos projetos do mundo hacker, esse esforço recebeu ajuda de outros hackers do mundo todo. Os primeiros medidores Geiger utilizados no projeto era da Reuseum, uma empresa americana que recicla tecnologias antigas para novos lares. O Tokyo Hackerspace pediu os equipamentos e rapidamente os recebeu no Japão.
Uma vez que os medidores foram coletados, Akiba – com ajuda do grupo Hackerspace – começou a trabalhar no complexo processo de converter um antigo medidor Geiger para transmitir dados de radiação para a Internet.
Próximas ações
Desde que o primeiro hack começou a transmitir dados de radiação há algumas semanas, o Tokyo Hackerspace desenvolveu algumas ferramentas muito mais sofisticadas e começou a trabalhar com vários parceiros para conseguir levar os dados de radiação a público. Em vez de usar equipamentos antigos, o grupo hacker desenvolveu um kit mais simples de medidor Geiger usando a plataforma de código aberto Arduino juntamente com um aparelho dock para iPhone.
O objetivo do Tokyo Hackerspace é expandir a rede de sensor de Tóquio para a região de Fukushima. Assim como na capital japonesa, muitos dos abrigos na área de Fukushima não possuem equipamentos de monitoramento – e a ausência de informações nesses locais tem levado as pessoas a se preocupar com a exposição a quantidades perigosas de radiação. Akiba, o Hackerspace e seus parceiros esperam ajudar a tranquilizar a população.
Assim que os primeiros dados sobre Fukushima forem reunidos, o grupo hacker quer mudar para uma nova tarefa. Segundo o MRE, outro membro do Tokyo Hackerspace, “o objetivo real é olhar para a exposição a longo prazo (em termos de meses e anos), assim como 'padrões de migração' de radiação ao longo do tempo.”

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