Os primeiros resultados práticos do encontro hacker nacional que acontece no IV Congresso Internacional Governo Eletrônico e Software Livre (Consegi) já começam a tomar corpo. Reunidos em Brasília para o Consegi, a comunidade hacker está finalizando aplicativos que prometem contribuir para fiscalização cidadã de gastos e atos públicos.
É o caso do projeto “Otoridades – você sabe com quem está falando?”, com previsão para entrar no ar dia 13, sexta-feira. No site, cidadãos poderão denunciar abusos de autoridade em todas as esferas de governo. Compilados, os dados serão objeto de orientação e discussão pública, com espaço para que os denunciados se retratem. “Pretendemos criar uma plataforma onde as pessoas possam conhecer os casos de abuso de autoridade e onde eles ocorrem. Com isso, queremos orientar a população sobre esse aspecto problemático de nossa cultura política para que possam saber a que meios legais podem recorrer”, explica Luciano Santa-Brigida, um dos responsáveis pelo projeto, que veio de Belém para o encontro hacker em Brasília.
Liberdade de produção
A metodologia do encontro é milimetricamente desorganizada, “caótica”, na definição de Pedro Markun, um dos fundadores do movimento “Transparência Hacker”. Em círculos, os hackers trabalham desenvolvendo aplicativos com dados e informações públicas que possam ajudar o cidadão na hora de se informar, fiscalizar ou participar do processo político. Os grupos hacker se dividem na produção de diferentes projetos, mas cada programador trabalha do seu jeito e na hora em que deseja.
“Esse pessoal é fantástico, trabalham bastante e tem muita energia e tudo isso para produzir melhorias para sociedade. É muito bom estar aqui”, disse o ciberativista inglês Rufus Pollok, um dos fundadores da Open Knowledge Foundation que veio para o Consegi 2011.
O projeto “O Jogo da Vida do Processo Legislativo” conta, além de programadores, com dois advogados. A missão é traçar as diferenças entre o processo legislativo real e o ideal, criando, com auxílio de ferramentais digitais, padrões que permitam ao cidadão entender com clareza como funciona a tramitação das matérias no Congresso. “Fazendo essa sistematização esperamos deixar claro porque há projetos que são aprovados tão rapidamente enquanto outros demoram anos. A ideia é mostrar saídas eficientes para resolver problemas em torno desses projetos”, explica o advogado Tiago Cardieri.
Trabalho colaborativo
Em menos de três dias de encontro, os hackers se dividiram em mais de 10 projetos. Se em alguns o objetivo é constranger as autoridades, em outros a intenção é colaborar. No encontro, um grupo de hackers ajuda o Ministério da Justiça a compilar e organizar imagens de mais de 500 mil de projetos legislativos brasileiros, alguns redigidos há mais de 70 anos.
“São dados públicos, abertos a qualquer cidadão, que estavam desorganizados no Ministério da Justiça e que foram disponibilizados para serem trabalhados pela comunidade”, explica Ricardo Poppi, servidor do MJ. Para Fabrício Zuardi, um dos desenvolvedores responsáveis pelo projeto trata-se de uma excelente oportunidade para ajudar o país fazendo o que gosta. “Não é todo dia que temos acesso a algo tão grande e importante para história do país. Esperamos produzir resultados interessantes”, conta.
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