A onda de ataques a sites oficiais na internet também atingiu o governo brasileiro. Entre os dias 22 a 27 de junho, os sites da Presidência da República, do Portal Brasil, da Receita Federal, da Petrobras e dos ministérios do Esporte e da Cultura - além da página na internet do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - foram "vítimas" dos hackers.
A autoria dos ataques em massa no Brasil - com exceção do site do IBGE, reivindicada pelo grupo Fail Shell - foi atribuída ao coletivo de hackers LulzSecBrazil, um braço do Lulz Security (ou LulzSec). O mesmo grupo que promoveu os ataques a sites de empresas multinacionais, da CIA e do FBI nos Estados Unidos, nos últimos dois meses.
Os incidentes revelaram a vulnerabilidade a que dados sigilosos de empresas e Estado estão submetidos e pode, facilmente, ser roubados ou mesmo alterados. A ação de hackers abalou a confiança dos usuários brasileiros em serviços públicos oferecidos na internet e deixaram o Brasil na mira de uma nova tendência de ataques virtuais, de motivação política. Foram atingidos 20 portais do governo federal e 200 sites municipais, principalmente de prefeituras, , de acordo com estimativa feita pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
A tática empregada pelo grupo, na maioria dos incidentes, foi a conhecida como DoS (Denial of Service, em português, "negação de serviço"). O mecanismo tira as páginas do ar, após ser infectada com programas robôs para que façam acessos simultâneos a determinado site ou serviço na rede. O servidor, que possui um limite de acesso, não consegue responder e trava ou desliga. Com isso, os sites de governos foram tirados do ar por meio dessa técnica. A maioria das investidas partiu de computadores da Itália, para dificultar o rastreamento das autoridades. Apesar disso, o método DoS não provoca roubo de dados pessoais ou a invasão do computador. O prejuízo se dá pela impossibilidade de acesso a milhares de pessoas que dependem dos serviços oferecidos on-line.
Durante a invasão, informações pessoais sobre funcionários da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab foram divulgadas pelos autores da façanha. As informações, no entanto, eram falsas ou de conhecimento público.
O hackeamento foi dirente no caso do site do IBGE, que teve sua homepage (página de abertura) desfigurada. Os invasores substituíram-na por outra, contendo a imagem de um olho humano pintado como a bandeira do Brasil e um texto com ameaças de novos ataques. Neste caso, houve invasão, mas, segundo o órgão, nenhum dado foi violado.
Em resposta, o governo informou que realizou a manutenção em alguns portais, para aumentar a segurança. A Polícia Federal abriu uma investigação para tentar identificar e indiciar os responsáveis.
Segundo o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br), o país registrou 142. 844 incidentes no ano passado. Neste ano, de janeiro a março, foram 90.759. O número corresponde a um aumento em quase 118% em relação ao trimestre anterior e de 220% comparado ao mesmo período em 2010. Os casos incluem invasão de servidores, desfiguração de páginas da web, fraudes, DoS e outros.
Hackers
As ações políticas na rede contra sites de governos se intensificaram nos últimos meses. Após as polêmicas revelações de documentos confidenciais do governo americano pelo site do australiano Julian Assange, o Wikileaks. Assange cumpre prisão domiciliar no Reino Unido enquanto aguarda julgamento por acusações de crimes sexuais.
O LulzSec, por sua vez, se tornou conhecido em maio deste ano. Em dois meses, o grupo realizou ações contra os sites das empresas de videogame Sony e Nintendo, das redes de televisão americanas Fox e PBS, da CIA (agência de inteligência americana) e do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos.
No Reino Unido, o serviço público de saúde NHS também sofreu ataques. Dados de mais de 100 milhões de usuários foram divulgados no Twitter do coletivo. Apenas um suspeito foi preso, o britânico Ryan Cleary, 19 anos, apontado como um dos líderes do grupo. Ele foi libertado após pagar fiança.
n O governo brasileiro foi alvo da maior onda de ataques a sites oficiais na internet de sua história. As ações começaram em 22 de junho. Os incidentes mostraram a fragilidade da segurança de serviços públicos na internet e abalaram a confiança dos usuários.
n Foram atingidos os sites da Presidência da República, do Portal Brasil, da Receita Federal, da Petrobras, dos ministérios do Esporte e da Cultura e de prefeituras. Os hackers usaram programas robôs para fazer milhares de acessos simultâneos que tiraram as páginas do ar, num ataque conhecido como DoS (Denial of Service, em português, "negação de serviço").
n O coletivo de hackers LulzSecBrazil assumiu a responsabilidade pelos ataques. O grupo é um braço do Lulz Security, que nos últimos dois meses realizou ações contra os sites de empresas e do governo dos Estados Unidos. Os hackers anunciaram a dissolução do grupo em 26 de junho.
n A página na internet do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi outro alvo dos hackers. A homepage (página de abertura) do site foi modificada pelo grupo Fail Shell.
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