Segundo Paulo Cesar Braus, titular da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco), a perícia criminal chegou ao suspeito após analisar relatórios dos servidores do TJ-MS enviados à polícia logo após o ataque. Por meio dos vestígios deixados pelo invasor e da quebra do sigilo telefônico autorizada pela justiça, foi possível cumprir um mandado de busca e apreensão de computadores, mídias e equipamentos eletrônicos na casa do jovem. A ação contou com apoio da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O perito Alexsandro Procópio da Silva relatou que durante a análise ao conteúdo apreendido não foram encontrados indícios da tentativa de invasão ao site do TJ-MS, mas havia arquivos com 5,6 mil registros extraídos da página do Poder Judiciário alagoano, em ataques feitos no dia 4 de fevereiro.
Além disso, os investigadores identificaram páginas falsas de instituições bancárias e milhares de dados bancários de pessoas físicas. Registros de diálogos em comunidades hackers serviram como indícios para os policiais. “Descobrimos registros de conversas em redes de bate-papo em que os hackers trocavam informações, negociavam dados roubados e até pediam para pagar boletos com contas de outras pessoas”, afirmou o perito. Para o delegado Braus, a atuação do hacker nessas comunidades caracteriza uma ação em quadrilha.
Na tentativa de invasão à página do TJ-MS, os invasores tentaram acessar dados importantes, como processos digitalizados e até conteúdo em segredo judicial. Mas, segundo o diretor do departamento de infraestrutura e tecnologia do órgão, Marcus Vinícius Paraguassu, não houve prejuízo às informações e nenhum dado foi roubado.
Após o ataque, o Tribunal dobrou o volume de investimentos em segurança da informação. O orçamento para o setor passou de R$ 3 milhões em 2010 para R$ 6 milhões este ano. “Foi um susto, mas nós continuamos a tomar todos os cuidados”, disse Paraguassu.
O perito Valdson Rodrigues Gomes reconhece a dificuldade em identificar autoria de ataques virtuais, mas frisa que não há crime perfeito na Internet. “Todo acesso deixa um registro. O hacker pode até tentar camuflar, e essas práticas são de conhecimento deles. Às vezes a investigação precisa acontecer em outro estado, mas sempre dá para saber de onde vem o ataque”, afirmou.
Outros crimes
Braus afirmou que a polícia apura ataque a outro site de órgão público em Mato Grosso do Sul, mas não informou qual seria para não atrapalhar a investigação, que é sigilosa. O delegado relatou ações do suspeito em outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Pernambuco e Ceará. Cópias do inquérito serão remetidos a Alagoas e à Polícia Federal para subsidiar novas investigações.
O suposto hacker deve ser interrogado nos próximos dias, e será indiciado pelos crimes de dano qualificado e tentativa de furto qualificado.
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